SELETA DE SONETOS Nº6/NOV2020
Magister Magistrum
Grande mestre Beethoven imortal
Magistral em compor sinfonia ímpar
em tua música : é fundamental
sonatas de piano sincopar.
notação musical: sempre imortal.
acordes, frases, rítmos: ocupar.
mestre:: D.C. legado e digital
Executar criação sem deturpar.
pauta com semifusa que discursa.
Dizem que sua paixão era sem tamanho.
profunda sinfonia de amor à musa
Mito, mestre concerto: teu caminho.
em teu amor mistério não profusa.
pausa, surdez, silêncio que proponho.
Adriano de Alvarenga Azevedo - RJ
OPOSIÇÃO
Lutas inúteis, guerras desastradas,
razões estranhas em nome de Deus,
proferidas, impostas, orquestradas,
muitas vezes, por sádicos ateus.
Faltam no templo, as justas chicotadas,
que o profeta aplicou nos fariseus,
inventores de histórias mal contadas,
vendendo sonhos que nem eram seus.
Ainda existem no mundo estes espertos,
que vendem redenção em céus desertos,
e pedágio onde nem existe estrada...
Tento ter fé, mas, mesmo a contragosto,
quando me olho no espelho eu vejo o oposto
de um Deus que vê, mas não se opõe a nada!
Messias da Rocha/MG
SI PUDIERA
Si pudiera arrancar del pensamiento
tu vivo recuerdo que me tortura,
sería seguramente la cura
al dolor que encierra mi sentimiento.
Si pudiera aprisionar lo que siento
en la isla de la indiferencia oscura,
sería para borrar la aventura
de amor, que hasta hoy me deja sin aliento.
Si pudiera volver el tiempo atrás
me negaría a aceptar tu amor,
porque fue solo una chispa fugaz.
Si pudiera olvidar tu desamor,
quizás te invocaría una vez más,
solo para que sepas mi clamor.
[31/08/2020]
Estela M. Báez
Soneto da essência
Nerivan Barboza (Escada)
Na essência de cada ser
Está um pouco de Deus
Assim como o amanhecer
Carrega um pouco do breu.
Da noite escura e serena
Da dor de um solitário
Da Lua minguante, pequena
De São Jorge em seu cavalo.
De um cantador que lamenta
O amor que se foi embora
E cantando a sua ausência.
O seu retorno ele implora
E agarrado nas lembranças
Canta, rir, declama e chora.
03/08/2020
O azul do mês de abril fechou-se em pranto
E a rosa adormeceu despetalada
Alada na agonia angustiada
Da alma acre, azeda do amaranto.
Aberta, amásia, a dor alucinada
Adentrou a alcova da amargura
Assobiou assaz alguma agrura
Abraçou abismos acorrentada
Assim aconteceu há 30 anos
O amanhã anoiteceu mais cedo
Apagou a aurora no degredo
Aí aconteceu de ano a ano...
A rosa, adormecida no arvoredo,
Abriu-se em cada abril do meu enredo.
*O dia da caridade*
(19 de Julho)
Com um sentimento indescritível e franco
No século passado em sessenta e seis
O nosso então presidente Castelo Branco
Pelo decreto cinco mil sessenta e três
Investe no sentimento de altruísmo
Qual sonhava por toda sociedade
Elevado com afeto e dinamismo
Cria o Dia Nacional da Caridade.
O dia do maior gesto de amor
Contra o egoísmo o ódio e o rancor
O dia da ação nobre, da piedade.
Esse antídoto contra o orgulho
Em todo o Brasil, dezenove de julho
Dia da humildade, da doação, da bondade.
*(Mesmo quarentenado, possamos viver essa graça que nos conduz aos céus, chamada por Cristo de Caridade).*
*Parabéns ao Menino Gilmar ferreira*
(19-07)
Venho agradecer a Deus
Por sempre iluminar as metas
Dentre tantos filhos teus
O caçador de poetas.
Que sopre todos os dias
Os nomes, cantos e retas
De artesões da poesia
Pro caçador de poetas.
Que descubra e dê vidas
A tantas vozes perdidas
Em poesias completas.
Que continue a nos honrar
Nobre poeta Gilmar
*O Caçador de Poetas.*
Nunca estamos a sós!
Escrevendo uma poesia
Para alguém no paraíso
Ouvir aquele sorriso
Que a muito eu não ouvia.
Em seguida o forte cheiro
Com a notável fragrância
Das rosas lá do telheiro
Que floriram a minha infância.
Os meus olhos marejaram
Os meus sonhos se renovaram
Quando uma voz surge e diz:
"Amor, Perdão, Humildade
Justiça, Fé, Caridade,
Senhas que nos faz feliz."
*A caminho da luz*
Ajustemos as agendas
A cada prova diária
A toda ação solidária
Pela crença a que defendas.
Transformemos cada instante
No clima fértil do porvir
Com atitude fascinante
Sempre a base do servir.
Na luta em nos elevar
Possamos enfim podar
Toda má inclinação.
E fazer com sapiência
O que na nossa consciência
Garante-nos a salvação.
Euvaldo Lima/SE
*
*Guardo com muito cuidado*
*no bolso do paletó*
*o retrato desbotado*
*que ganhei da minha avó.*
*Pais, irmãos e eu do lado,*
*unidos num clique só.*
*Mas o tempo acelerado*
*transforma vidas em pó.*
*E hoje, cheio de saudade,*
*sentindo o peso da idade,*
*o retrato é meu troféu.*
*E quanto amor ele encerra,*
*pois inda amo aqui na terra*
*os que já moram no céu!*
CONFINADO
Preso como um condenado
sem direito a apelação,
vivo em regime fechado
contando os dias na mão.
Não foi crime nem pecado
a causa da reclusão.
Foi a vizinha do lado
que prendeu meu coração.
Decretada a quarentena,
de mim ela não tem pena,
mas aprendi a lição.
É que, com ou sem vacina,
mais do que o vírus da China
dói o vírus da paixão.
SEM-TETO
*Debaixo do viaduto,*
*numa arca de papelão,*
*em abandono absoluto,*
*vive a Maria e o João.*
*Não conhecem o estatuto*
*que protege o cidadão*
*e nem comeram do fruto*
*que condenou Eva e Adão.*
*Mas lá embaixo é seu "lar",*
*onde podem partilhar*
*essa realidade crua.*
*E quando alguém se aproxima*
*diz com desdém, lá de cima:*
*São moradores de rua.*
Antonio Francisco Pereira/MG