quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Seleta de Sonetos nº6/Nov2020 * Órfãos de Orfeu Sonetos

SELETA DE SONETOS Nº6/NOV2020


-Antonio Francisco Pereira em família-



 


Magister Magistrum


Grande mestre  Beethoven imortal

Magistral em compor sinfonia ímpar

em tua música : é fundamental 

sonatas de piano sincopar.


notação musical: sempre imortal.

acordes, frases, rítmos: ocupar.

mestre:: D.C. legado e digital

Executar  criação sem deturpar.


pauta com semifusa  que discursa.

Dizem que sua paixão era sem tamanho.

profunda sinfonia de amor à musa


Mito, mestre concerto: teu caminho.

em teu amor mistério não profusa.

pausa, surdez, silêncio que proponho.


Adriano de Alvarenga Azevedo - RJ


OPOSIÇÃO


Lutas inúteis, guerras desastradas,

razões estranhas em nome de Deus,

proferidas, impostas, orquestradas,

muitas vezes, por sádicos ateus.


Faltam no templo, as justas chicotadas,

que o profeta aplicou nos fariseus,

inventores  de histórias mal contadas,

vendendo sonhos que nem eram seus.


Ainda existem no mundo estes espertos,

que vendem redenção em céus desertos,

e pedágio onde nem existe estrada...


Tento ter fé, mas, mesmo a contragosto, 

quando me olho no espelho eu vejo o oposto

de um Deus que vê, mas  não se opõe a nada!


Messias da Rocha/MG



SI PUDIERA


Si pudiera arrancar del pensamiento

tu vivo recuerdo que me tortura,

sería seguramente la cura

al dolor que encierra mi sentimiento.


Si pudiera aprisionar lo que siento

en la isla de la indiferencia oscura,

sería para borrar la aventura

de amor, que hasta hoy me deja sin aliento.


Si pudiera volver el tiempo atrás

me negaría a aceptar tu amor,

porque fue solo una chispa fugaz.


Si pudiera olvidar tu desamor,

quizás te invocaría una vez más,

solo para que sepas mi clamor.

[31/08/2020]

Estela M. Báez



Soneto da essência

Nerivan Barboza (Escada)


Na essência de cada ser

Está um pouco de Deus

Assim como o amanhecer

Carrega um pouco do breu.


Da noite escura e serena

Da dor de um solitário

Da Lua minguante, pequena

De São Jorge em seu cavalo.


De um cantador que lamenta

O amor que se foi embora

E cantando a sua ausência.


O seu retorno ele implora

E agarrado nas lembranças

Canta, rir, declama e chora.

03/08/2020



O azul do mês de abril fechou-se em pranto

E a rosa adormeceu despetalada

Alada na agonia angustiada

Da alma acre,  azeda do amaranto.


Aberta, amásia, a dor alucinada 

Adentrou a alcova da amargura

Assobiou assaz alguma agrura

Abraçou abismos acorrentada 


Assim aconteceu há 30 anos 

O amanhã  anoiteceu mais cedo

Apagou a aurora no degredo


Aí aconteceu  de ano a ano...

A rosa, adormecida no arvoredo,

Abriu-se em cada abril do meu enredo.


Wanda Cunha/MA


*O dia da caridade*

(19 de Julho)


Com um sentimento indescritível e franco

No século passado em sessenta e seis

O nosso então presidente Castelo Branco

Pelo decreto cinco mil sessenta e três 


Investe no sentimento de altruísmo

Qual sonhava por toda sociedade

Elevado com afeto e dinamismo

Cria o Dia Nacional da Caridade.


O dia do maior gesto de amor

Contra o egoísmo o ódio e o rancor

O dia da ação nobre, da piedade.


Esse antídoto contra o orgulho

Em todo o Brasil, dezenove de julho

Dia da humildade, da doação, da bondade.


*(Mesmo quarentenado, possamos viver essa graça que nos conduz aos céus, chamada por Cristo de Caridade).*



*Parabéns ao Menino Gilmar ferreira*

           (19-07)


Venho agradecer a Deus

Por sempre iluminar as metas

Dentre tantos filhos teus

O caçador de poetas.


Que sopre todos os dias

Os nomes, cantos e retas

De artesões da poesia

Pro caçador de poetas.


Que descubra e dê vidas

A tantas vozes perdidas

Em poesias completas.


Que continue a nos honrar

Nobre poeta Gilmar

*O Caçador de Poetas.*



Nunca estamos a sós!


Escrevendo uma poesia

Para alguém no paraíso

Ouvir aquele sorriso

Que a muito eu não ouvia.


Em seguida o forte cheiro 

Com a notável fragrância

Das rosas lá do telheiro

Que floriram a minha infância.


Os meus olhos marejaram

Os meus sonhos se renovaram

Quando uma voz surge e diz:


"Amor, Perdão, Humildade

Justiça, Fé, Caridade,

Senhas que nos faz feliz."



*A caminho da luz*


Ajustemos as agendas

A cada prova diária

A toda ação solidária

Pela crença a que defendas.


Transformemos cada instante

 No clima fértil do porvir

Com atitude fascinante

Sempre a base do servir.


Na luta em nos elevar

Possamos enfim podar 

Toda má inclinação.


E fazer com sapiência

O que na nossa consciência

Garante-nos a salvação.


 Euvaldo Lima/SE

*

*Guardo com muito cuidado*

*no bolso do paletó*

*o retrato desbotado*

*que ganhei da minha avó.*


*Pais, irmãos e eu do lado,*

*unidos num clique só.*

*Mas o tempo acelerado*

*transforma vidas em pó.*


*E hoje, cheio de saudade,*

*sentindo o peso da idade,*

*o retrato é meu troféu.*


*E quanto amor ele encerra,*

*pois inda amo aqui na terra*

*os que já moram no céu!*


CONFINADO


Preso como um condenado

sem direito a apelação,

vivo em regime fechado

contando os dias na mão.


Não foi crime nem pecado

a causa da reclusão.

Foi a vizinha do lado

que prendeu meu coração.


Decretada a quarentena,

de mim ela não tem pena,

mas aprendi a lição.


É que, com ou sem vacina,

mais do que o vírus da China 

dói o vírus da paixão.

 


SEM-TETO


*Debaixo do viaduto,*

*numa arca de papelão,*

*em abandono absoluto,*

*vive a Maria e o João.*


*Não conhecem o estatuto*

*que protege o cidadão*

*e nem comeram do fruto*

*que condenou Eva e  Adão.*


*Mas lá embaixo é seu "lar",*

*onde podem partilhar*

*essa realidade crua.*


*E quando alguém se aproxima*

*diz com desdém, lá de cima:*

*São moradores de rua.*


Antonio Francisco Pereira/MG



domingo, 12 de julho de 2020

Seleta de Sonetos nº5Jul2020 * Antonio Cabral Filho/Rj


SELETA DE SONETOS nº5Jul2020
Leonires Leite/PE


*Soneto bárbaro 15 virulento ao Pai*


(Sílabas *métricas* fortes: 3a; 7a; 11a e 15a de cada verso)
 (Aconselho ler com o aparelho na posição horizontal, pois versos de 15 sílabas métricas são longos)


Começou com fortes dores na cabeça, corpo e peito,
Junto com falta de ar a me fazer desfalecer...
Não estava eu preparado, mas veio ela dar seu jeito
De me fazer decair, chorar em prantos e morrer...

Eu tossia e retossia como um cão abandonado
Com os olhos marejados cravejados em confeito
Antes inimaginado, mas agora vivenciado...
Sei não ser gajo perfeito, mas, Pai, ouve meu grão preito:

Sou teu filho Adamastor, eu sou a lenda, eu sou a rocha
Prestes cá a pó se tornar, não por vírus, sim por algo
Tão idoso quanto Cronos ou Hefesto, a luz da tocha!

Jesus, finda este tormento, pois já fui um bom fidalgo!
Traze a sílfide dançante que de mim tanto debocha!
Por amor tão virulento podres glebas, em vão, galgo...
  

Soneto bárbaro 16
a Gregório de Mattos nos Ba-Vis


Tenho presença garantida nos Ba-Vis - desde o primeiro! - 
e vi jogarem tantos craques por Cronos já olvidados
que - sim! - me pego a gargalhar lembrando o futebol festeiro
do nosso clássico baiano gerador de hinos sagrados!

O meu Bahêa festejou o Campeonato Brasileiro 
antes de todos os demais, ante meus olhos alentados!
Já o meu Nêgo se sagrou por cinco vezes verdadeiro
maior da Copa do Nordeste! Leão rugindo em altos brados! 

Eu vi Beijoca, Mário Sérgio, Alex Alves e Ronaldo,
André Catimba, Joãozinho, Petkovic e Cláudio Adão,
Osni, Ramon, Paulo Rodrigues, Eliseu e Perivaldo,

E vi Kieza, Dida, Índio, Gabriel Paulista e Sapatão,
Charles, Zé Carlos, Isidoro, Capetinha e Florisvaldo...
Com tantos craques do passado, o tal Ba-Vi é Seleção!


Soneto bárbaro 16 de diversidade
(Sílabas fortes: 4a; 8a; 12a e 16a)

Deus labutou seis longos dias para construir o mundo...
Seis longos dias de suor para gerar a natureza!
Seis longos dias de um labor alentador... um dom profundo!
E descansou enfim no sétimo o Seu sono de beleza!

O Seu suor gerou o orvalho; o Seu amor, solo fecundo
com flora e fauna exuberantes a matar toda a tristeza;
o sol surgiu do coração aquecedor romantibundo
acolhedor do doce Pai dos pais repleto de pureza.

Homem nenhum, mulher nenhuma neste mundo é sempre igual,
mas sim revela diferenças - digital, voz e outras mais,
mesmo se algum gêmeo tiver em qualquer canto da cidade!

Então por que não respeitar esse direito individual,
se sempre iremos encontrar seres humanos "surreais"
sempre que olharmos para os lados? Essa é a tal DIVERSIDADE! 


*Soneto hendecassílabo ao querido R2*
 (Sílabas *métricas* fortes de cada verso: 3a; 7a e 11a)


O lugar onde exercito o corpo inteiro
contra as dores musculares desditosas
é lugar onde vem doce e verdadeiro
o sorriso em aulas sempre prazerosas!

O R2 tem um casal que é companheiro
de verdade esmigalhando as dolorosas
mialgias mais diversas num certeiro
laborar pelas vitórias milagrosas!

Lá corrijo, tonifico, flexibilizo!
Verbos que não ponho a esmo no soneto,
mas que aplico plenamente - aqui eu o friso!

Amaria declamar nalgum coreto
tal soneto verdadeiro e assaz conciso,
mas com vírus assassino não me meto...
  

Soneto decassílabo pandêmico
(Sílabas poéticas fortes: 2a; 6a e 10a)

Ó Deus, a insuportável pandemia,
que arrasta tantas almas pelo mundo
à aterradora morte todo dia
tem dom de Satanás, o mais imundo!

Eu oro, ó Pai, por ver minha agonia
asfixiada e morta num profundo
averno ao assassino da alegria!
Livrai-nos, Pai, do vírus nauseabundo!

Sementes da saudade no meu peito
se cravam, como em solo enriquecido
por lágrimas do amor não satisfeito...

Imploro, ó Pai, imploro entristecido
que o Teu maldito filho, em vírus feito
no Hades, seja inteiro deglutido! 


Soneto 12 rumo à bonança
(Sílabas fortes: 4a; 8a e 12a)


Um vírus mórbido e repleto de vileza 
tomou a si protagonismo imerecido!
Um vírus sádico a ferir a gentileza
dum bom amplexo e do oscular fiel curtido!

Pode ferir, mas não matar a singeleza,
já que o carinho não é tido por perdido,
e cada abraço e cada beijo é - com certeza! - 
somente adiado, jamais tendo então morrido! 

Após borrascas vêm o céu e o sol por certo,
com mil gaivotas e fragatas a bailar,
golfinhos meigos saltitando em mar aberto!

Sendo adiado cada nobre acarinhar,
deixamos firmes o tal Lúcifer experto
morrer à míngua sem enfim em nós tocar.

Oliveira Caruso - RJ
(Presidente da Academia Brasileira de Trova)

*

Soneto de solidão
Nerivan Barboza (Escada)



Quando passarem os dias
De isolamento e frio
E quando a alegria
Que de alguns, fugiu.

Retornar de fato, com sua magia
Preenchendo peito hoje tão vazio
 Na morada antiga e hoje sombria
Brotará um pé de amor tardio.

Da semente fértil, no bocado certo
Banindo enfim, qualquer deserto
Que antes existia.

Será primavera colorida e pura
Trará aconchego, amor e ternura
Será o prenúncio de uma calmaria.

*

POETA IMUNDO

Não sou mais o que deveria ser,
sou só a face rubra da loucura,
andando por mais uma rua escura,
buscando algo mais que possa fazer.

Pois nada mais eu poderia ter,
queria mesmo era encontrar a cura
e digo isso com total lisura ----
talvez meu destino seja morrer.

Não há salvação para o desencanto,
solução pra mim só em outro mundo;
como eu queria afogar-me em meu pranto,

fico aqui nestes versos redundos
sem saber o porquê de sofrer tanto
mesmo que sendo este poeta imundo

SONETO AO SOFRIMENTO

O sofrimento me torna mais vivo,
muito melhor do que não sentir nada,
sinto-me um homem sozinho na estrada
e até do amor eu fujo e me esquivo.

Do sofrimento eu nunca me privo,
portanto deixo que venha e me invada.
Sofrer, para mim, é coisa que agrada,
tento manter meu sofrimento ativo.

Mas isso não me afasta do amor ---
a origem de todo o meu sofrer,
no fim acho que sou só um ator

finginfo estar e permanecer
colocando pra fora a minha dor
seguindo um roteiro sem nada a ver.


SONETO AOS AMANTES DA NOITE

Ouviu-se o som das nuvens ao luar
e tudo mais em meio à noite escura,
tratava-se as estrelas com mesura
mais dois amantes a se encontrar

na noite, que era noite de se amar ,
bem onde o sofrimento se mistura,
então clamava-se ao céu pela alvura,
pois esperou-se o dia clarear ----

foi a luz que os permitiu enxergar
seus olhos, suas bocas, seus rostos
todo resto espalhou-se pelo ar.

Ficou do beijo a lembrança do gosto;
e quando mais uma noite chegar
todo esse amor já estará exposto.


SONETO DE UM AMANTE

Pedi para a vida um amor que viesse
sarar essa dor que há no meu peito
e que não fosse um amor a despeito,
porém o meu sofrimento só cresce.

Tenho dor, mas até ela me esquece,
talvez eu que não saiba amar direito,
do crime de tristeza sou suspeito,
mas por aí o amor acontece.

Meu amor próprio, ele já não me basta,
preciso de alguém que me ame mais ---
amor sem fim, amor que não se gasta,

o qual nunca tive há tempos atrás,
aquele amor que nem a morte afasta
e que me permita morrer em paz.


SONETO DA FLOR

Sou eu o verso da vida que tenho,
sou do que tenho o verso da vida,
sou mais uma tentativa atrevida 
sou o que vou e eu sou o que venho.

Não me resumo a tudo que leio,
minha loucura é, sim, incontida,
não sei se essa paga é tão merecida,
talvez ainda falte cela e arreio.

Mas confesso: preciso de carinho,
sempre preciso de alguém pra me amar,
já não suporto mais ficar sozinho.

Ainda estou para achar meu lugar,
alguma flor que não tenha espinhos
para um dia eu chamar de meu lar.

Thiago Bandeira/SP

*Toda manhã, bem cedinho,*
*quando eu morava na roça,*
*o canto do passarinho*
*me acordava na palhoça.*

*Depois chegou um vizinho,*
*vindo de outros arraiais,*
*pôs na gaiola o bichinho*
*que não cantou nunca mais.*

*Hoje, já velho e sozinho,*
*lembro aquele passarinho*
*ao tocar minha viola.*

*Isolado em quarentena,*
*eu também saí de cena*
*e vivo numa gaiola.*

&


*Guardo com muito cuidado*
*no bolso do paletó*
*o retrato desbotado*
*que ganhei da minha avó.*


*Pais, irmãos e eu do lado,*
*unidos num clique só.*
*Mas o tempo acelerado*
*transforma vidas em pó.*


*E hoje, cheio de saudade,*
*sentindo o peso da idade,*
*o retrato é meu troféu.*


*E quanto amor ele encerra,*
*pois inda amo aqui na terra*
*os que já moram no céu!*

(AFPereira)
Antonio Francisco Pereira/MG



 *Ser velho é um privilégio!*

*Não reclame da velhice*
Das rugas nem do cansaço
Dos grisalhos, da calvície
Sem refletir passo a passo.

*Quem se foi na meninice*
Não consolidou o laço
Da ternura e da meiguice
Das águas doces de março.

*Não se prenda a tolice*
Fruto de certa crendice
Que nos dividem por traços.

Viva e não despedisse
Nada do que Jesus disse
*E se veja em vossos braços.*
 & 
Se for bom para os demais
O quanto será pra mim
De cara dou o meu sim
E vou dormir na santa paz.

Pesso entenda, erro ou falta
Sou sertanejo sergipano
Um quase alto didata
Um cabeçudo ser humano.

E como acadêmico literário
Trago sempre no diário
A vontade de ser artista.

E hoje pra minha alegria
Sou do grupo de poesia
*De uma elite Sonetista.*
 & 
*Me desculpe, mais é assim!*

Quando o sol queima o inverno
E assume o geral comando
Muitos gritam: *“que inferno*
*É Deus nos abandonando.”*

Provocam sérias misérias
*Enterram os seus talentos*
Colocam a paz de férias
E geram mais sofrimentos.

E guando chove assim certo
Nem sempre ouço alguém perto
*Falando emocionado.*

Pela chuva continuada
Pela safra esperada,
*Ó meu Deus: muito obrigado!*
 &
*Quanto tempo ainda falta?*

Pra sentirmos do espaço
O sopro de liberdade
Trazendo a felicidade
Pros que amargam o fracasso.

 Quanto tempo ainda vai
Essa forma de lição,
Da lei de destruição
Qual sobre o injusto recai?

Pra conquistar os espaços
Pra construir novos laços
Para recebermos alta.

Para sentir-te em meus braços
Trocarmos milhões de abraços
*Quanto tempo ainda falta?*

       Euvaldo Lima/SE
*O pequeno Diminuto*
 ***