terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Seleta de Sonetos n03/fev2020 * Antonio Cabral Filho - RJ

Seleta de Sonetos n03/fev2020


*MEU DELITO*

Eu não sei quanto tempo vou passar
Solitário, trancado nesta cela,
Se a fiança que a lei vive a cobrar
É o amor que só tem na conta dela.

Passarinhos deixaram de cantar 
De manhã na pequenina janela
Ouço apenas o peito a reclamar 
Que o coração só quer bater por ela.

O destino não julga meu processo
Postergando demais o meu regresso.
Ela, lá, indecisa e eu aflito. 

Reconheço que não sou inocente 
Desse crime de amá-la loucamente 
E assim vou pagando o meu delito.

*Nilton Azevedo*

*OH, MUSA!*

Oh, tu que sobressais entre outras musas,
Com esse charme digno de realeza
Dize-me qual o perfume que tu usas
Que te faz uma flor da Natureza. 

Tu que deixas as donzelas confusas
Sem saber de onde vem tanta beleza;
Que encantas, qual o canto das medusas,
Com essa voz delicada de princesa.

Oh, musa queira ouvir os meus apelos!
_O marulho das ondas dos teus cabelos_
Me deixou totalmente inebriado. 

Dize-me se tu és sobrenatural,
Beije-me pra eu saber se és real
Ou se estou delirando acordado.

*Nilton Azevedo* Manaus - AM


Meu endereço

Minhas noites com excelência
Tem d'céu formosura colossal,
Que insulta d'poeta a sapiência
A descrever a beleza unerversal.

As minhas noites tem também
Uma lua tão linda bem vistosa,
Que confundo com o meu bem
Quando me vem toda dengosa.

Casa sem número rua d'paixão
Nessas noites o meu endereço
É o colo d'dona d'meu coração.

Quem escolhi para ser meu par
Para dividir os bons momentos
E para toda minha vida lhe amar.

    08/01/2020
Autor: Carlos Silva

MEU SONHO MAIOR

É preciso sonhar, deixar, me oponho;
Que, como o vento, invada-me os vazios,
Porque se morre, quando morre o sonho,
Como morrem os peixes sem seus rios.

Sinto-me de alma forte, se me ponho,
Se me vejo a singrar, como os navios,
Em busca do lugar, onde suponho,
Achar novos verões e outros estios.

Já disse um dia, e o repito agora:
Quero morrer descortinando aurora,
Quero chegar sorrindo do outro lado.

Não me deixes Senhor, sem teu conforto,
Eu quero ver, quando estiver já morto,
O meu sonho maior, acalentado.

Raymundo de Salles Brasil
Salvador, 9/01/2020 – 7;06 da matina

09/01/20 10:08 - CarlosSilva: 

( Dom divino )

N'estudei pra ser doutor
N'fiz nenhuma faculdade,
Escrever versos de amor
É a minha especialidade.

Amo esse dom formoso
Por Deus a mim enviado,
Um dom tão maravilhoso
Que até eu fico encantado.

Ao meu pai d'céu querido
Agradeço por essa vitória,
Por ele ter a mim proferido
Essa honraria e essa glória. 

Obrigado meu pai obrigado
Pelo dom também d'cantar,
Essa bela poesia que eu faço
E os corações assim encantar.

    09/01/2020
Autor: Carlos Silva

VIDA DIGNA!

Falam tanto em direitos humanos,
Falam tanto em padrões de vida, 
Mas por onde se anda 
Não se vê gente unida.

Falam tanto em democracia,
Falam tanto no combate a inflação,
Mostram tanto a ferida,
Mas não procuram a cura, a solução.

Quem somos nós?
Pessoas sofridas.
Onde moramos?
Em pobres vilas.

Quem somos nós?
Receptores de mentiras.
O que nos oferecem?
Oferecem intriga?

Quem somos nós?
Seres vivos na lida.
O que fazer?
Lutar contra a força maldita.

Quem somos nós?
Pobres malabaristas.
O que queremos?
Queremos VIDA DIGNA!

Antonio Tadeu Ferreira da Silva. 
Recife/Pernambuco.

( Eróticos )

Um copo d'whisky um trago
O abajur luz em tons colorido,
Gesto sex a tragar um cigarro
E a mão por baixo do vestido.

Ela era mais que uma loucura
Mordendo os lábios maliciosa,
E volúpituosamente na doçura
D'seu formoso lábio cor d'rosa.

Eu desfrutava bem docemente
D'momemto d'seus orgasmos
D'seu líquido gostoso e quente.

Ainda sobre luz d'abajur vulgar
Mais sussurros gemido prazer
Pós trago d'whisky e preliminar.

    10/01/2020
Autor: Carlos Silva


DESENCONTRO EM RECIFE

A inútil espera: a taça solitária 
Plena do vinho que não compartido
Sugere a negação de meu pedido
A malfadada execução duma ária

Um canto embriagante de Cesária
Corta e recorta o peito ressentido
Lembrando tudo o que quisera olvido
Noutro dialeto dessa língua vária

O Bar Central diverte-se comigo
A seu festim não fui eu convidado
Barbosa serve-me tão consternado!

Ela não veio, não veio o amigo
Não veio o verso que tanto persigo
Brindo sozinho, triste como um fado

27.08.12


Compadecimento de Abel

Sobre uma pedra posta outra pedra seja
Cicatrizes da História no corpo da Terra
Golpe, semeadura dessa eterna guerra
Ferida em que o desejo a si mesmo deseja

Toda aparente fria calma de quem redra
Tenta negar o crime da prima peleja
No doce tinto uva o amargo de carqueja
Vestindo-se de culpa o caule de uma agedra

O gesto fundador que ainda nos condena
Antecedeu àquele de lançar o grão
Por fecundar o solo, mate-se um irmão

E à pena de uma morte junte-se outra pena
matar o coletor, matar a mata então
matar também o ar, o fogo, a água, o chão

06.11.12

Contemplação de Émile Nelligan

Se cada rosto é Graça e letra do Milagre
Cada poema pode ser também a Prece
Rogando faça parte da Divina Messe
A mão de quem ao Verso todo se consagre

Para que um dia, Émile, meu poema indague
Como escrever de teu Tombeau de la négresse?
Como esquecer teu rosto que ninguém esquece
E este desejo de outro mundo em que o afague?

De um outro já sabia o gosto de teus atos
Ontem cheguei de um Sul soprado a vento forte
Teu idioma fez-me América do Norte

Merci, disse a Rimbaud, déjà por seus sapatos
E hoje confesso, Émile, quando em plena sorte
De me pensar contigo agradeço a morte.

21.7.99

Nelliganianas

No entanto havia flores no jardim de infância
Maio de amor, piano e joia maternal
No tronco havia seiva e no tempo estival
O brilho de uma estrela em cada rutilância

No Castelo de Espanha do devir criânsia
Um triste Five o'Clock, tema sentimental
Nem a mazurka pôde silenciar o mal
A tísica do verbo em des-significância

Águas fortes funéreas no livro que abro
Desfeitos os pastéis, rotas as porcelanas
Nas estações de oníricas virgilianas

E o gosto comungado em banquete macabro
Doce veneno oferto em oração profana
Faz nosso amor de elite em mel de bordo ou cana

23.7.99


É DIFÍCIL MORRER TODOS OS DIAS

Marciano Medeiros

É bem triste sonhar e sempre ser
invisível num mundo tenebroso,
ter pra muitos o nome de horroroso,
num constante e profundo padecer.

É difícil olhar e não querer
as carícias de musa tentadora,
e sentir a paixão devastadora,
mas calado fingir não perceber.

É difícil morrer todos os dias,
expulsar as constantes fantasias,
para um beco profundo e sem saida.

É difícil o punhal da rejeição
ser cravado com dor no coração,
sem abrir na mente uma ferida.

( Eterna infância )

Lembro como sonho fosse
D'meus tempos de infância,
D'quela vida formosa e doce
Que maravilha foi ser criança.

D'brincadeiras sinto saudade
É quando me pego a recordar,
Quisera fosse uma eternidade
Um sonho para nunca se findar.

Pena que o tempo logo passou
Passou bem feito o relâmpago,
Só lembranças foi o que restou.

Mas eu gosto sim d'lembranças
D'reaviar todas estas maravilhas 
Tudo que vivi quando fui criança.

03/01/2020
Autor: Carlos Silva
( Sonhos de amor )

Eu amava a música tocando
A penubra e o silêncio d'sala,
Era o abajur ligado clareando
E eu a pensar n'minha amada.

N'anos oitenta isso acontecia
Eu era ainda um adolescentes,
Pensava somente nela todo dia
E n'quele tão lindo amor d'gente. 

Saudade sentia mesmo presente
Eram tantos os sonhos de amor
Que os desejos eram veemente.

De um querer da mais pura paixão
De um dolescente tão apaixonado
Com um eterno amor no coração.

   03/01/2020
Autor: Carlos Silva

FLORAÇÃO
*Nossa casa é um jardim*
*que floresce o ano inteiro.*
*Somos a rosa e o jasmim*
*e Deus é o jardineiro.*

*Sempre juntinhos assim*,
*os dois no mesmo canteiro,*
*com tempo bom ou ruim,*
*com céu claro ou nevoeiro.*

*Às vezes um vento forte,*
*que vem do sul ou do norte,*
*arranca uns galhos e flores.*

*Depois volta a primavera*
*e o jardim se recupera*
*com seu festival de cores.*
(AFPereira)


( Gozo divinal )

Vivi na nua do desespero
Caminhando sem sentido,
Na árdua dor d'destempero
Por estar d'coração partido.

Ainda bem que te encontrei
Tu que me deste teu coração,
Quando por tarde gris vaguei
Caminhando triste na solidão.

Hoje gozo desse amor divino
Na mais colossal das alegrias
Em teu colo como um menino.

Grato sou a ti ó meu benzinho
Por me dar teus doces afagos
E louvar-me com teus carinhos.

     05/01/2020
Aitor;: Carlos Silva
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