sábado, 27 de novembro de 2021

SELETA DE SONETOS N10NOV2021 * Órfãos de Orfeu Sonetos

 SELETA DE SONETOS N10NOV2021

DILEMAS DA TRISTEZA


Marciano Medeiros


Cantando os mil dilemas da tristeza

Serei eternamente apaixonado, 

No sonho de um amor atormentado,

Carrego o meu sorriso na pureza.


Confesso meu delírio e com certeza

Relembro dos beijinhos do passado,

Você fez-me marchar abandonado,

Liberto das algemas da frieza.


Batalho nessa guerra de Babel,

Aponto os resultados no plantel,

Da força que me traz aquecimento.


Declaro nos meus versos a vitória,

Desejo nessa vida transitória,

Botar fogo na casa do tormento.

&

AS FLORES


Vês as flores que surgem no jardim ?

 Orquídeas,azaléias margaridas

Verdadeiros bálsamos para as nossas vidas 

quando enfim achamos  que está próximo o fim .


Vês as vestes com que estão vestidas ?

Teem mais encanto que ouro e marfim,

Quem sabe até os de um querubim

Das etéreas regiões desconhecidas.


Sejamos pois quais flores que vicejam,

Embora muitos de nós mesmos não vejam

O encanto que existe em cada flor !


Eia ! Cultivemos em nós o altruísmo

Sob a luz divinal, sem pedantismo,

E floresceremos no jardim do AMOR !


Jorge Furtado


De corpo e alma

Fora de mim, esse papel de festa

para embrulhar presentes da emoção. 

Dentro de mim, a dor se manifesta:

guarda os passados num papel de pão.


Fora de mim, as taças de champanha

fazem tim-tim na orgia da ilusão.

Dentro de mim, a mesma dor estranha

bebe saudade em copo de latão.


Fora de mim, o corpo do poeta

dança, balança, roda até rebola;

cai deslizante em água de sabão.


Dentro de mim, minha alma é mais quieta:

emenda versos e os guarda na sacola,

seca o rio que inunda o coração.

Wanda Cunha/MA

&
Homenagem a Washington Farias 

Marciano Medeiros


Ao andar nos encantos de Campina 

sentirei mil abalos de emoção, 

procurando o sorriso de um irmão

que partiu dessa Terra peregrina.


Hoje rogo com prece cristalina

que Jesus cure os dramas da razão,

na família do nobre cidadão

jogue a força da fé na luz divina.


Foi um homem correto e destemido,

agradeço por tê-lo conhecido, 

vou guardar a lembrança da amizade.


Vi seu rosto feliz tendo alegrias,

a quem deu tanto brilho as cantorias,

ofereço um poema de saudade.

SONETILHO A SERPENTE


*Olha ela aí, a serpente,*
*enroscada na maçã,*
*esperando Eva, a inocente,*
*logo cedo de manhã.*

*Precisa ser convincente*
*como se fosse uma fã,*
*para dar-lhe de presente*
*fruta proibida e malsã.*

*Veio Eva e depois Adão*
*sucumbindo à tentação*
*oferecida ao casal.*

*E nada mais foi preciso*
*para a expulsão do paraíso*
*e o pecado original.*

Antonio Francisco Pereira/MG
&

OPOSIÇÃO


Lutas inúteis, guerras desastradas,

razões estranhas em nome de Deus,

proferidas, impostas, orquestradas,

muitas vezes, por sádicos ateus.


Faltam no templo, as justas chicotadas,

que o profeta aplicou nos fariseus,

inventores  de histórias mal contadas,

vendendo sonhos que nem eram seus.


Ainda existem no mundo estes espertos,

que vendem redenção em céus desertos,

e pedágio onde nem existe estrada...


Tento ter fé, mas, mesmo a contragosto, 

quando me olho no espelho eu vejo o oposto

de um Deus que vê, mas  não se opõe a nada!


Messias da Rocha/MG

PIERROT SAMBADO

Viriato Gaspar


Como se fosse errado as mãos assim,

querendo ensaboar toda a amplidão.

Como se não coubesse a festa em mim,

mas todo um cemitério só de não.


Por que parece errado o que não corta,

um riso que escancare o sol nos dentes?

Por que a água talhou já nas comportas

e a baga apodreceu inda em semente?


Às vezes tudo dói. Sangra que escorre.

Dá uma vontade de tomar um porre,

sumir sem deixar rastro. Evaporar-se.


Que bloco triste, o Unidos do Não Deu.

E o meu fofão rasgou. Sem par, sem passe,

no fim da dança, quem dançou fui eu.

Viriato Gaspar

 03/11/2021

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